sábado, 29 de outubro de 2011

Terceiro vazio

"Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos, 
passe por tudo que tiver que passar, não se economize. Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo.
 Isso é o que libera a gente para ser feliz de novo." Martha Medeiros

O terceiro vazio foi o pior. Foi o vazio do 'adeus'... foi o vazio do 'recomeçar sem você'.
Deu-me raios de sol e partiu numa tarde nublada.
Eu não queria acordar. Eu tinha dúvidas e medos. É tão trabalhoso recomeçar do zero, contar tudo novamente: sonhos, metas, o que gosto e o que não gosto. Na verdade tinha preguiça de recomeçar.
Você costumava ser legal, o que aconteceu? Tantas perguntas sem respostas. Quem vai me trazer de volta?

Vermelho - Marcelo Camelo


"Trago nesses pés o vento
Pra te carregar daqui
Mas você sorri desse jeito
E eu que já perdi a hora e o lugar
Aceito." 


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Último romance


Ele levantou mais disposto do que de costume. Estava feliz com o emprego novo (ganhar duas vezes mais tem dessas coisas: muda o humor, rejuvenesce a pessoa e faz o sorriso transparecer felicidade). Colocou um rock bem alto no quarto e foi para o banheiro cantarolando e dançando com Beatles.
-As coisas finalmente começaram a dar certo Rafael. Disse para si mesmo olhando para o espelho.
Tomou banho, fez a barba, escovou os dentes... voltou pelado para o quarto. Abriu o armário e separou seu jeans e sua polo preta da Levi's. Vestiu uma das cuecas novas que comprou durante a semana (sabia que o final de semana prometia, e ele devia um dia fantástico para si mesmo havia muito tempo).
Estava com bons pressentimentos e sabia que a festa na casa do Edu, renderia no mínimo boas risadas.

Ela estava linda, com os cabelos negros soltos, um belo vestido preto e um salto que devia ter uns 15cm. Estava ótima consigo mesma.
Foi até a cozinha, pegou duas fatias de torradas e geléia de amora. Lembrou-se dele e decidiu não deixar suas oportunidades escorrerem por seus dedos. Já esperara muito tempo. Resolveu agir, resolveu viver.
Foi até a gaveta da penteadeira -durante esse trajeto seus passos eram seguros, precisos e confiantes. Finalmente chegara o momento em que Giulinha resolvera se permitir.
-Alô? Rafa?
Ele reconheceria aquela voz em milhares de ligações simultâneas.
-Giu-Giulinha?
-Isso... Estava pensando em te ver.
-Claro, seria ótimo, as 15:00hs pode ser?

Ele desmarcou com o Edu, disse que precisava ir ao trabalho e que chegaria mais tarde na festa, talvez só a noite.
Ela desmarcou com a Mônica, disse que não chegaria a tempo no shopping porque o cabeleireiro atrasaria um pouco.

Se encontraram, conversaram, comeram torta holandesa e depois tomaram café. Conversaram sobre quando se conheceram, se lembraram do 'quase acidente' e da conversa posterior no restaurante. Falaram sobre bilhetes deixados no fundo de gavetas.
Houve reflexão sobre o hiato e depois sobre o silêncio.

-Alô Rafa? Você não vem? Minhas primas chegaram do sul. O Jorge trouxe algumas amigas da faculdade.
-Estou chegando em meia hora Edu.
-Sabia que não me decepcionaria.

Ele resolveu se divertir um pouco. Resolveu viver a vida. Ele também estava ótimo, a vida é agora e viver significa muito. As primas do Edu e as amigas do Jorge se esticaram quando ele chegou perto da piscina.
Em direção a ele chegava o garçom com seu Martini.
-Aqui esta sua bebida senhor.
O som eletrônico estava ótimo e a noite apenas começando.
-São 2 Martinis senhor.
Giulinha apareceu ao lado dele. Dessa vez, além das primas do Edu,  as amigas do Jorge, os amigos do Edu e do Jorge, e a metade dos convidados também se voltaram para o casal.
-Pessoal essa é a Giulinha.
Se olharam, sorriram e trocaram um beijo tímido.

FIM

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

...do conteúdo da ausência

Marissa: - Quem é você?
Ryan: - Quem você quer que eu seja?

Aquele verão foi um novo começo, um novo fim. Quando olho para trás, lembro-me das minhas mãos escorregadias de suor e o som dos seus pés no assoalho da sala. Eu sei que um pedacinho daquele verão de 2002 pertenceu a um homem só. Quem mais sorriria pelo preço de meio cigarro? Éramos assim, isso era típico e eu adorava.




22 de Outubro de 2011.


Minha querida,

Hoje o dia está fosco e fiquei melancólico, lembrei do dia em tomamos vinho tinto e assamos batatas na fogueira embrulhadas no papel alumínio,  me arrepiei de saudade. Foi nesse dia que te disse pela primeira vez que sentia vontade de te beijar. 
Os livros hoje em dia tem mais funções do que enfeitar a prateleira e 'caracterizar-me' como nerd, hoje eles suprem vazios.
Faz tempo que não te ouço sorrir, mas tenho dentro de mim o som da sua gargalhada para sempre. O que houve conosco? Tudo abreviado: nossas vertigens, viagens, conversas, risadas, sonetos, rimas e poemas.

Um conteúdo adicional do presente, mas que cabeira no passado:
Aprendi a cozinhar seu prato preferido, agora gosto das cores e combinações
 das suas roupa e quando olho nos teus olhos verdes,
 não tenho medo de dizer a verdade.

Talvez demore um pouco para nos vermos, você se mudou e estou sem tempo. Tenho trabalhado demais e os estudos ocupam minhas noites -até aquelas entediantes de segundas feiras.
Hoje o trânsito estava infernal, parei o carro em uma loja de conveniência, bebi algumas Heineken e conversei com os meus fantasmas no caminho de casa.

Uma verdadezinha:
Ela não respeita cor, credo e  crença. Nem idade ou posição financeira. 
Não carrega gadanha e nem foice. Deve até usar aquele manto preto com capuz, 
mas somente nos dias frios.

A melancolia se deve pela proximidade do seu aniversário. Tenho certeza.



Um beijo,
Briccio

P.S. Algum anjo aí do céu, por favor entregue a ela.


sábado, 15 de outubro de 2011

Entranho jeito de amar

"Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro! Dentro de um abraço não se ouve o tic tac e, se faltar luz é ainda melhor... Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve." Martha Medeiros

-Pensei em dizer o quanto eu te amo!
-Mas você está dizendo, então pensou e disse.
-É, pode ser! Você está ausente esses dias amor.
-Muito trabalho, muito estresse, pouco dinheiro e muita encheção de saco.
-É, pode ser! Hoje de dia, enquanto eu estava no shopping pensei em você.
-Nem vem que o meu cartão de crédito está com o limite estourado, e recebo só na semana que vem, então vamos ter que ficar em casa vendo filmes até novembro.
-É, pode ser! Só que eu pensei em você porque eu vi uma camiseta na Levi's que combinaria com esse jeans que está usando.
-Mas o Natal está longe, ainda estamos em Outubro. Por que você gastaria dinheiro à toa?
-Não sei... só estou te dizendo o que pensei enquanto estive no shopping.
(silêncio)
-No mês que vem faremos 3 anos juntos, não acha que poderíamos marcar de ir comer foudue e tomar vinho naquele restaurante que comemoramos nosso primeiro ano de namoro? Aquele que você adora.
-Acho que não. Eu já não gosto mais desse restaurante e de tantas outras coisas faz tempo.
-O que aconteceu com o seu humor? Parece que foi para outro planeta?
-Você precisa ir para outro planeta!
(silêncio novamente)
-Será que preciso procurar um psicólogo? Será que estou surtando?
-Pega uma cerveja na geladeira por favor amorzinho, e traz o cinzeiro também porque eu vou fumar.
-Claro, só um minuto. 
Foi na cozinha, abriu o armário branco e pegou a caneca que ele gostava de tomar cerveja. 
Voltou para a sala com o vestido branco novo que comprou durante o dia.
-Está gostosa hoje, se produziu assim para mim?
-Entrego os pontos... para quem seria?
Ele se embebedou com umas dez cervejas, falou de futebol e mulheres gostosas como se ela fosse um amigo.
Ela não conseguia entender como um dia fora capaz de amar um cara desse. Tentou buscar boas recordações, procurou no primeiro ano, depois no segundo e por fim no terceiro. Se lembrara de alguns bons momentos, um pouco de afago, de uma carícia e de alguns presentes dele. Percebeu então que o problema não estava nele. Ele era o troglodita e merecia alguém assim como ele, dos tempos da caverna. Percebeu que ela própria era o problema, a situação era o problema, e aceitar continuar com tudo isso era o maior de todos os problemas. 
Só havia um detalhe: Ela amava 'o troglodita'. 'O troglodita' outras vezes lhe entregara flores, cartões postais, sms com frases de Saint-Exupéry durante a tarde entre outros mimos.
-Mas e se eu não suportar viver sozinha? -Pensou enquanto decidia.
Ela detestava mudanças, sempre achava que não conseguiria.
Voltou as 23:30 para sala, olhou para ele dormindo no sofá. Desligou a TV. Se encolheu embaixo dos braços, colocou a mão dele sobre a dela como se a protegesse e chorou enquanto tentava dormir.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Saturno, Mercúrio e Júpiter

E se ela gostasse de comédia e drama, pêssego e amora, azul e vermelho e ainda primavera e outono?

Eles brincaram com dados, tabuleiros e lápis de cor a noite inteira. Usaram tesoura e cola e criaram o trabalho mais bonito do colégio, coloriram com canetinhas nos tons de verde, amarelo e rosa, usaram giz de cera e finalizaram com glitter roxo. Assistiram vídeos, tomaram cervejas e vinho, fumaram cigarros e tragaram até o final todos os tipos de alegrias existente naquele universo. Se trancaram até os pássaros acordarem pela manhã.
Ela fechou os olhos no meio dos dois. Um esquentava suas costas, o outro lhe servia de travesseiro.
Ela, eles e os 6 sentidos:
  • Ouviu o cometa mais belo passar pela direita e o meteoro mais exótico pela esquerda. 
  • Tocou com suas mãos mais quatro mãos. Tocou o amor e a alegria e sorriram os três sob a constelação de Gêmeos;
  • Provou o gosto da lua e do sol (adorou o eclipse), provou o azul misturado com o amarelo (adorou o verde) e  morango com bastante calda de chocolate (adorou essa combinação também).
  • Cheirou a tinta guache, sentiu o cheiro da chuva e da noite.
  • Viu os três ficarem fora de órbita [trajetória que um corpo percorre ao redor de outro(s), sob a influência de algo (amor)];
  • Previu flores e sorrisos em outubro, novembro e dezembro.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Não se preocupe, eu estou bem



Antes mesmo do previsível fim, eu já sabia que não chegaríamos longe. Pra te dizer a verdade, antes de você dizer 'sim' eu sabia como terminaria. Não que eu subestime a sua capacidade de se relacionar com algo racional, entenda: não é isso. Somos dois mundos que resolveram brincar de acreditar em mentiras.
Veja bem, além da distância emocional e total falta de conectividade, também tem a distância física. Acho pouco provável que nos encontremos; eu não cruzaria a cidade por você e com certeza você também não deixaria seu conforto.
Quase quarenta e dois milhões de pessoas em São Paulo, acho pouco provável que eu encontre você novamente.
Alcancei todos os meus objetivos. Estive fora uns dias, curti seu status no Facebook em outros, mantive distância quando foi preciso e disse o que você queria ouvir (só para te ver sorrir). Resultado: você caiu no meu colo tão rápido. E foram em todos os aspectos.
Foi bom, rápido e terminou. A culpa não é minha e nem sua.
Não precisa pedir perdão por não querer me ver novamente... apenas vá, e de preferência rápido e sem olhar para trás. Farei o mesmo.
Nessa brincadeira de gato e rato, saiba que existiram só felinos. Sabemos que você não foi a vítima, mas definitivamente, eu menos ainda.


Angelina Jolie e Ryan Phillippe - Corações apaixonados

Sopros de 'por que' não me interessam mais. Sorrir AGORA, significa muito pra mim.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Segundo Vazio

Faz de conta que nada foi dito. Podemos pular esse dia, não podemos?

Ele tinha os olhos fundos e tristes, estavam vazios a quase um século (podia acreditar facilmente nisso).
"-Bola pra frente piá! Erga a cabeça!" ou "-Quero o melhor pra ti, então fique bem... pare de sofrer!" Ouvia constantemente dos amigos.
O segundo vazio chegou mais intenso e doloroso (doía a alma), foi quando o guri sentiu saudade do cheiro, do sorriso, do olhar, da voz. Foi nessa época que ele sentiu saudade do toque, do abraço... sentiu saudade de se ancorar na guria.