sábado, 5 de novembro de 2011

Amor de aquário

Um coração começando a derreter... ou prestes a congelar?
Tipo nossa relação onde um não pára de sofrer porque o outro se recusa a amar.

Gêmeos
Naquele sábado eu preparei, metodicamente, tudo para ele, lavei o carro, deixei em stand by o CD da Amy com sua música preferida (clique e se misture: Amy Winehouse), assim era só apertar o play quando ele entrasse, a camiseta era nova e bem passada, usei o melhor perfume, comprei chocolates suíços e escrevi um cartão com umas 15 linhas de declaração (onde convulso a idéia dele ser só meu).

Queria ele no meu cotidiano, não queria voltar para o mundo onde ele não existisse.
Nem sempre nossos filmes-da-vida-cotidiana concorrem ao Oscar ou tem um final bacana, aqui em São Paulo é diferente de Hollywood na maioria das vezes.
Na TV uma programação qualquer servia somente como um ponto fixo, algo que ele usava para fugir do olho no olho. Não dizia juras de amor ao meu ouvido, mas me deixava maluco com a forma que me pedia para si. 
Sexo sem intimidades ou sentimentos, apenas mecânico, no piloto automático. Ele estava satisfeito. Eu desejei que ele fosse menos frio e que esboçasse qualquer outra coisa além de tesão.
Ele correu para o banheiro e abriu as duas duchas. Enquanto isso eu enchia a banheira, na verdade eu queria entender para quem.
Ali de pé, lado a lado e sem trocar palavras ou gestos, estávamos apenas nos lavando (com água bem quente e sabonete líquido vagabundo) de qualquer resquício alheio pelas pernas e coxas. Tentei abraça-lo por trás, tentei qualquer outra forma de aproximação. Tentativas frustradas e em vão. Qual era o privilégio de ter alguém tão inteligente e atraente, porém frio e distante?
Aquariano metido, teimoso, cheiroso e cheio de vontade de agarrar o mundo, de gritar seus ideais, de fazer do seu jeito. Era isso que fascinava o geminiano indeciso, apaixonado e cheio de urgência para dizer o clichê “Eu te a...”? Sim era.
Terminamos e resolvemos sair do banho da mesma forma que entramos. Quietos.

Aquário
Não têm nome o que fizemos. Não era amor, não teve carinho, foi apenas alívio de tensão puramente sexual e descompromissada, mas eu senti que ele queria algo mais. Senti que ele esperava que eu dissesse alguma coisa... Eu, inquieto, perguntei se ele tinha gostado. Ele respondeu que sim, todo orgulhoso do seu pau grosso! Mas o que ele não sabe é que o pau dele não tinha nada demais, era apenas maior do que os dois últimos paus que eu tinha visto. Eu ainda não sabia ao certo se estava apenas tentando preencher o vazio que os outros deixaram dentro de mim, ou se estava usando alguém justamente para limpar o que tinha restado, mas aceitei sair com ele porque gosto do jeito que ele me olha enquanto eu sorrio e falo alguma bobagem.
Assim que gozamos não havia mais razões para continuar ali e eu me cobri tímido e cansado. É mais fácil fingir orgasmo do que fingir afinidade pós-sexo e eu só fico de conchinha quando tenho afinidade! Notei que ele prestava atenção na música que tocava e nos detalhes da parte que estava exposta do meu corpo enquanto desenhava pelas minhas costas num carinho desajeitado que me pinicava inteiro. Levantei visivelmente incomodado e percebi que ele sugeriu um banho de banheira, mas eu fingi que não ouvi e liguei uma das duchas na temperatura que me agrada. Prefiro permanecer frio e não gosto de ficar em ‘banho-maria’ com quem não tenho intimidade!
Depois do banho rápido (sabia que iria tomar outro banho assim que chegasse em casa) pedi licença para fumar um cigarro mas ele me disse que preferia que não... Mesmo tendo perguntado se ele se importava, não me importei com a sua resposta... Acendi e fumei enquanto observava o movimento da cidade pela janela. Ao terminar meu segundo cigarro notei que ele me observava de longe e estava prestes a falar alguma coisa... Antes que ele estragasse o momento, eu o fiz primeiro. Dei-lhe um beijo com gosto de cigarro calando seus lábios e indaguei: Vamos?

Gêmeos com Aquário
A atração mútua é um encontro de mentes, independente da quantidade de romantismo ou de atração física que exista no horizonte. Ambos são pessoas pensantes com uma grande necessidade de comunicar-se. Ambos são realistas e precisam de alguém inteligente, provavelmente encontrarão isso um no outro.

Autores dos rabiscos: eu, Rafael Linhares e todos os encontros casuais, os ais e os hão de ser.



6 comentários:

Unknown disse...

Me identifiquei muito com o texto, mais to em duvida eram dois homens?

Beeijos!

Luna Sanchez disse...

Sexo com amor é ótimo mas sexo por sexo, seja qual for a motivação, também pode ser bom. Sempre pensei assim, não vejo como algo pejorativo e na maioria das vezes em que comprei "debates" no meu blog, foi por expor essa opinião.

Muito bom o texto, Eder, vou passar lá no Rafael.

Um beijo, moço querido.

Briccio disse...

Marcela, sim eram dois rapazes. Beijos! =D

Luna, minha querida escritora, pensei em algumas reações ao postar o texto escrito com o Rafael. Pensei primeiramente que talvez pudéssemos incomodar os leitores com o balde de água fria jogado no conservadorismo. Adorei o que disse. Um beijo.

Luna Sanchez disse...

Eder, sempre que precisar de uma ajudinha pra jogar baldes e mais baldes de água fria no conservadorismo ou até mesmo banhá-lo de mangueira, conta comigo.

;)

Beijos.

Daniele Oliveira disse...

Pra quem não queria escrever a palavra gozar aqui no Blog esse texto me surpreendei um bocado : )
Gosto de sexo só por sexo, só prazer, mas a falta total e absoluta de afinidade me pareceu um tanto quanto dolorosa, ao menos para uma das partes envolvidas.Sexo só por prazer é delicioso, mas pra mim deve ter o minino de intimidade ao menos ali, como que uma troca justa sabe, penetrastes e fizestes parte do meu corpo por um tempo, me deu sua dedicação e me proporcinou prazer então divido com você alguns minutos de abraços e conversas com um quê de carinho que seja...
Amei o fato de terem sido 2 rapazes!

Briccio disse...

Dan, mudei de idéia... aliás isso é o que eu mais faço na vida. Altero rotas, fujo do óbvio,vou na contramão até do que eu considero correto. Meio confuso né? Adorei o comentário. Um beijão.