sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Anatomia de um reencontro

Amores abortados me turvam. Eu saio do prumo. A paz recolhe a mão. Minha sensatez evapora. O mundo emudece. Paira o incerto. As lembranças emergem. Falta a frase exata para dizer. Você a poucos metros da minha maior loucura: Sangrar pela milésima vez. Te olhar nos olhos e fingir que superei parece mais difícil que [...]


Seu celular com outras mensagens. Não as minhas. Seu anelar agora carregaria uma prata? Aquela que nunca usamos? Vê-la  no seu dedo hoje seria mais um golpe. Você sabe. 

Te tocar me remeteria ao nosso primeiro café e nossa primeira noite. Depois eu lembraria da sua risada e da nossa cumplicidade. Por último do nosso abreviado fim, com direito ao mocinho chorando e implorando por uma segunda chance para ter novamente o que construíram juntos.

Procurei aceitar o fim. Durante meses me sobraram reticências. Me faltou soltar o verbo. Me faltou exclamar e te entregar aquela margarida. Me sobraram seus fios de cabelos dobrados naquele post-it amarelo, morando ao lado da sua três por quatro.

Me aproximo num caminhar torto -quase como bambo de Heineken. Não engulo a ideia de hoje sermos desconhecidos. 
Um breve diálogo, sorrisos vazios -de ambas as partes- e a sua certeza de que enfim passamos. 

Uma resenha de mágoas dentro do meu caderno de anotações. Uma biblioteca inteira ocupa meu peito. Essa sensação eterna de que poderíamos ter ido além do que fomos, impregnada na minha alma, ora com sua pele salgada, ora com seu cheiro doce. Colada nas minhas horas. Igual chiclete no asfalto quente. Marca de copo no balcão de madeira. Cigarro apagado em cinzeiro vagabundo.

Seus olhos me fitam sem o antigo brilho e seus lábios pontuam nosso epílogo. Mais uma vez. Acontece que você faz moradia aqui dentro. Pela quarta estação. Há tempos. Faz aniversário. Quer sair e eu te prendo, não deixo. Âncora. A cicatriz aberta mais uma vez. Falta antibiótico. Como chama o sentimento que sobra quando somos deixados pelo caminho?

4 comentários:

Anônimo disse...

Como agir?

SilverLux (Éverton) disse...

Dor profunda em mim... leitura de minh'alma pela suas palavras. Triste fato, dor profunda! :'(

Briccio disse...

Anônimo... ||| ?

Éverton sempre por aqui né meu amigo. Sempre com suas linhas verdadeiras e de mãos dadas com meus textos. Obrigado.
Saiu de casa guri?

Tha Alves disse...

Eder!

Eu amo seus textos! Sempre que me sinto sentimental leio um deles! Esse é um dos favoritos, junto com aquele "só tinha mesmo que ser você".

É incrível o jeito que vc consegue explicar o que as vezes não nos damos conta que sentimos! Uma amiga está mal, terminou uma história há pouco tempo, e escrevi uma filosofia de boteco, me atrapalhando toda, enquanto em poucas linhas vc consegue dizer tudo! tive que anexar o link desse texto no fim, quem sabe ajuda! Hehe

Obrigada por dividir essas histórias com a gente! Vc tem uma sensibilidade admirável!!