quarta-feira, 18 de junho de 2014

Sobre dar um tempo e a necessidade de se reconstruir


Jogou a aliança no assoalho do carro. Olhou-me fundo nos olhos e pediu um tempo. Meus olhos imploravam para você ficar mais um pouco, eu suplicava para que você continuasse a remar nosso barco. Juntos. Abracei e cheirei a nuca, beijei, toquei, tive medo de ser a última vez. Pude ver cara a cara, aquele coração machucado que se esquivava e implorava para eu ir embora. Ás vezes aquela pessoa que amamos escorre por entre os dedos mesmo [...]
Na verdade a outra parte não vai embora, não nos abandona da noite para o dia. Os dois é que se perdem em algum momento da relação. Aquele momento em que não houve compreensão. E agora não adiante chorar, é chegada a hora de se reconstruir. Pelo seu parceiro, mas principalmente por você mesmo.

Essa coisa de se tocarem e já sentirem vontade de tirar a roupa, aquele vício de várias ligações durante o dia todo, mensagens pra lá, mensagens pra cá, os planos rápidos para viagens, para se perderem embaixo de lençóis e se alimentarem um do outro, o desejo de estar perto todo instante, vontade de ser o pão e a comida. Tudo isso acaba. Já é via de regra e todos devem estar preparados para o fim da paixão. 

Os sinais de que vocês não vão bem são perceptíveis: As brigas acontecem em uma frequência maior do que normalmente aconteciam. A irritabilidade por coisas fúteis se faz presente como a sombra. Os sorrisos são opacos e breves. Até as mãos dadas parecem perder aquele imã. Contrariam vontades para evitarem brigas. Você se pergunta aonde foi parar aquele ser feliz e radiante que fazia juras de amor ao pé do ouvido enquanto transavam ouvindo aquela música só de vocês. Esse é um momento de reflexão. Essa é a linha tênue que separa a paixão do amor.

Existe um momento em que o bolo não cresce e você terá que ter paciência e perseverança. A paixão tem prazo de validade e esse momento é crucial: Ou perdemos e abrimos mão por estarmos vivendo esse momento morno –porém absolutamente normal- ou superamos e nos reinventamos para dar boas vindas ao amor. Porque o que vem depois da avassaladora paixão é a calmaria, a paz... O amor. É o momento em que os olhos falam. O momento em que acreditamos de verdade e por inteiro na pessoa que escolhemos para estar ao nosso lado, é um momento em que vamos precisar nos reinventar diariamente, é uma espécie de combustível que se faz necessário ao amor. O combustível da paixão é o sexo, o toque, mas o do amor vai além: É presença e ausência... Presença do carinho, sorrisos, propósitos, respeito, confiança, zelo, companheirismo, parceria. Ausência de egoísmo, de insegurança, de achar que só sua voz na relação é a que vale.

Todos os dias, o universo nos permite uma nova chance, ele nos dá escolhas e possibilidades de fazermos algo novo. Você pode acordar e chorar por seu amor ter te pedido um tempo na relação, ou lutar para reconquistar aquele sorriso que te faz tão bem. Esse lance de abandonar o barco não é legal, o caminho a nado, de volta para a praia, é para os fracos. Opte por remar. Reconstrua seu relacionamento quantas vezes forem necessárias. Por mais que a outra parte esteja cansada, respeite aquele tempo, se por um estação as mãos do seu parceiro fraquejarem e ele descansar os remos, ele esperará que você seja forte o suficiente para continuar. A reinvenção de um casal que se ama é a coisa mais linda do mundo. São pessoas que acreditam e se doam um ao outro, e, na verdade, a outra parte só está descansando um pouco para quando as suas mãos fraquejarem.
P.S. Volta logo meu amor.


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